Navigation

A Palavra Pisco

O nome PISCO tem uma origem muito peruana tal como se tem comprovado nos estudos realizados pelos cronistas, historiadores e lexicógrafos. Trata-se de um vocábulo pre-hispânico (quechua) que significa "ave" ou "pássaro".

Foram os Incas que, admirados pela enorme quantidade e diversidade de "aves" que observavam por toda a região da costa, situada a 200 kms ao sul de Lima, utilizaram o vocábulo quechua PISKO para denominar esse vale, lugar em que se tem desenvolvido a famosa cultura Paracas.

Mesmo que esta acepção não seja a única. Na mesma região existia, desde tempos imemoráveis, uma comunidade de índios chamados "PISKOS", os quais eram ceramistas e elaboravam "botijas de argila" que tinham um revstimento interior de ceras alcoólicas de abelhas e chichas. Depois, quando a região passou a Colónia de Espanha, começou-se a armazenar o famoso aguardente elaborado na zona nessas botijas, e com o passar do tempo o aguardente passou a ser identificado com o nome da comunidade que tinha começado a fabricar o recipiente que o continha.

De qualquer forma, é precisso indicar que a palavra PISCO forma parte de um grande número de povos, distritos e caserios peruanos, como o PISCOHUASI (Casa de pássaros) em Anchash; PISCOTUNA (fruta de pássaros) em Ayacucho; PISCOPAMPA (pampa de pássaros) em Arequipa; PISCOBAMBA (planície de pássaros) em Apurimac e outros lugares. Da mesma maneira o vocábulo quechua PISCO está presente nos apelidos de origem peruana como PISCONTE, PISCOYA, PISCOCOLLA, etc.

O Pisco é um aguardente de uva peruana obtido da destilação dos caldos frescos da fermentação exclusiva do sumo da uva, seguindo as práticas tradicionais estabelecidas nas zonas de produção e reconhecidas e declaradas como tal pela legislação nacional. As únicas zonas onde se produz são nas cidades de Lima, Ica, Arequipa, Moquegua e nos vales de Locumba, Sama e Caplina do Estado de Tacna no Peru.

Muitos cronistas como Guaman Poma de Ayala, Pedro Sarmiento de Gamboa, Frei Martin de Múrua, Bernabe Cobo e Pedro Cieza de León crêem na existência deste mapa de referência desde os inícios da Colónia espanhola, a destacar, além de, o cultivo da vide, a elaboração dos vinhos e os aguardentes na mencionada zona. Por exemplo, Miguel Cabello de Balboa, nas suas "Micaelinas Antárticas" escritas em 1586 menciona os valhes de Ica, Yumay e Pisco ao descobrir a costa sul do Peru.

A partir do século XVII, como dão conta diversos cronistas e outras fontes históricas, produz-se a interacção duma terra propícia para a uva, com uma cultura tecnológica desenvolvida nos vales do sul peruano, é aí onde nasce o aguardente do PISCO. A história do Pisco é então a história de uma mestiçagem que enriquece a cultura peruana e que todos reconhecem como parte da sua identidade nacional dentro e fora das fronteiras do Peru.

Na costa do Peru situam-se um vale, um rio, um porto e uma cidade que se chamam desde inícios da Colónia espanhola PISCO. A vinculação do PISCO com a geografia e a toponímia peruanas é então indiscutível. O aguardente de PISCO, bebida tradicional do Peru, e "produto bandeira" oferece hoje ao mundo sua qualidade de longa estirpe e raizes próprias.